Uso prolongado de antidepressivos pode dobrar risco de morte súbita, aponta estudo

Uso Prolongado de Antidepressivos Pode Dobrar Risco de Morte Súbita Cardíaca: Estudo Revela Dados Alarmantes


O uso de antidepressivos tem crescido significativamente nas últimas décadas, especialmente devido ao aumento dos diagnósticos de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais. No entanto, um estudo recente apresentado no Congresso Anual Europeu de Cardiologia trouxe à tona uma preocupação grave: o uso prolongado de antidepressivos pode mais do que dobrar o risco de morte súbita cardíaca, principalmente em adultos jovens.


A pesquisa, conduzida por especialistas do Hospital do Coração de Copenhagen, na Dinamarca, analisou dados de 4,3 milhões de dinamarqueses e revelou que pacientes que utilizaram antidepressivos por mais de seis anos tiveram um risco significativamente maior de eventos cardíacos fatais.


Neste artigo, exploraremos os detalhes do estudo, os possíveis mecanismos por trás desse risco, as diferenças por faixa etária e as recomendações para pacientes e profissionais de saúde.


O Que é Morte Súbita Cardíaca?


Antes de mergulharmos no estudo, é essencial entender o que significa morte súbita cardíaca (MSC).

  • Definição: A MSC é caracterizada por uma parada cardíaca inesperada, que ocorre menos de 24 horas após o início dos sintomas, em indivíduos sem sinais prévios de doença cardíaca grave.
  • Causas mais comuns: Arritmias ventriculares (como fibrilação ventricular), infarto agudo do miocárdio ou cardiomiopatias.
  • Fatores de risco: Histórico familiar, tabagismo, hipertensão, diabetes e, como sugere o novo estudo, uso prolongado de antidepressivos.

Detalhes do Estudo Dinamarquês


Metodologia e Dados Analisados

Os pesquisadores dinamarqueses acompanharam 4,3 milhões de pacientes ao longo de 12 anos, comparando aqueles que nunca usaram antidepressivos com os que fizeram uso curto (1 a 5 anos) e prolongado (6 anos ou mais).

Principais Resultados

  1. Risco Geral de Morte Súbita Cardíaca
    • Pacientes que usaram antidepressivos tiveram um aumento médio de 56% no risco de MSC.
    • Quanto maior o tempo de uso, maior o risco:
      • 1 a 5 anos de uso: Risco moderadamente elevado.
      • 6+ anos de uso: Risco mais que dobrou em comparação com quem nunca tomou antidepressivos.
  2. Diferenças por Faixa Etária
    • Adultos jovens (30-39 anos):
      • Risco 5 vezes maior após 6+ anos de uso.
    • Meia-idade (50-59 anos):
      • Risco 4 vezes maior.
    • Idosos (70+ anos):
      • Risco 2 vezes maior.
  3. Possíveis Explicações
    • Efeitos dos antidepressivos no coração: Algumas classes de antidepressivos podem alterar o ritmo cardíaco (arritmias).
    • Mascaramento de sintomas cardiovasculares: Pacientes com depressão podem negligenciar sintomas de doenças cardíacas.
    • Fatores de estilo de vida: Tabagismo, sedentarismo e má alimentação podem contribuir.

Por Que Antidepressivos Aumentam o Risco Cardíaco?


1. Efeitos nos Canais Iônicos do Coração

Alguns antidepressivos, especialmente os tricíclicos (como amitriptilina) e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS, como fluoxetina), podem interferir nos canais de sódio e potássio do coração, levando a:

  • Prolongamento do intervalo QT (aumentando o risco de arritmias).
  • Taquicardia ventricular.

2. Impacto no Sistema Nervoso Autônomo

A depressão já está associada a desequilíbrios no sistema nervoso autônomo, e os antidepressivos podem exacerbar isso, aumentando a ativação simpática (que eleva a pressão arterial e a frequência cardíaca).

3. Interação com Outros Medicamentos

Pacientes que usam antidepressivos frequentemente tomam outros remédios (como anti-hipertensivos ou antiarrítmicos), o que pode levar a interações perigosas.

4. Fatores Comportamentais

  • Pacientes depressivos têm menor adesão a tratamentos cardiovasculares.
  • Maior prevalência de tabagismo e alcoolismo.

Quais Antidepressivos São Mais Perigosos?


O estudo não diferenciou entre classes de antidepressivos, mas pesquisas anteriores sugerem:

Classe de Antidepressivo

Risco Cardíaco

Tricíclicos (ex: Amitriptilina)

Alto risco de arritmias

ISRS (ex: Fluoxetina, Sertralina)

Risco moderado

IRSN (ex: Venlafaxina)

Pode aumentar pressão arterial

Bupropiona

Menor risco cardíaco

Observação: São necessários mais estudos para confirmar quais medicamentos são mais seguros.


Recomendações para Pacientes e Médicos


Para Pacientes em Uso Prolongado de Antidepressivos:

 Faça check-ups cardiológicos regulares (eletrocardiograma, ecocardiograma).
 Monitore sintomas como palpitações, tonturas e desmaios.
 Evite álcool e tabaco, que aumentam o risco cardiovascular.
 Pratique exercícios físicos (com acompanhamento médico).

Para Médicos e Profissionais de Saúde:

 Avaliar risco-benefício antes de prescrever antidepressivos a longo prazo.
 Priorizar antidepressivos com menor perfil cardiotóxico.
 Monitorar intervalo QT em pacientes de alto risco.


O Que Fazer Agora?


O estudo dinamarquês é um alerta importante, mas não significa que os antidepressivos devam ser abandonados. Eles salvam vidas ao tratar depressão grave, mas seu uso prolongado exige monitoramento rigoroso.

Principais mensagens:
🔹 Adultos jovens são os mais vulneráveis.
🔹 Quanto maior o tempo de uso, maior o risco.
🔹 Check-ups cardíacos são essenciais.

Mais pesquisas são necessárias, mas, por enquanto, a conscientização e a prevenção são as melhores estratégias.


Fontes e Referências

  • ictq.com.br/farmacia-clinica
  • Congresso Anual Europeu de Cardiologia (2025).
  • Hospital do Coração de Copenhagen, Dinamarca.
  • American Heart Association (AHA).

Gostou do artigo? Compartilhe e deixe seu comentário! 









Nenhum comentário:

Postar um comentário